terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Cidadã Tocantinense, Dona Margarida é homenageada em Tocantínia

Com o apoio do governo federal a Prefeitura de Tocantinia na pessoa do prefeito Manoel Silvino Gomes Neto (PR), inaugurou num anexo da prefeitura, a Biblioteca Municipal Margarida Gonçalves nesta quinta-feira, dia 9 de dezembro. Dona Margarida, 83 anos, foi homenageada em vida pelo trabalhos prestados e porque veio para as margens do Rio Tocantins, em 1948, com 21 anos, como Missionária Batista da Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira. Embora aposentada, ela continua como missionária da junta, prestando serviço na cidade de Lajeado. A homenageada foi diretora do Colégio Batista de Tocantinia por quase 40 anos. Lecionou no Colegio Batista de Santarem, no Pará, no Instituto Batista de Carolina, Maranhão. Também foi diretora do Colegio Batista de Palmas.
Dona Margarida estudou no Baptist Seminary Fort Worth, Texas, Estados Unidos. Ela também ocupa a Cadeira 22 da Academia Tocantinense de Letras. Cidadã Tocantinense, título concedido pela Assembleia Legislativa do Estado, Dona Margarida escreveu o livro "Beatriz a Que Faz Feliz" (Rio de Janeiro, Juerp, 1980); Facetas da Vida Cristã (Palmas, Provisão, 2007). Na inauguração da Biblioteca, em Tocantinia, estiveram presentes figuras ilustres, entre as quais, Pastor Samuel (do Rio de Janeiro, representado a Junta de Missões Nacionais), Eduardo Almeida (presidente da Academia Tocantinense de Letras), Mario Ribeiro Martins (procurador de justiça aposentado e membro da ATL), João Portelinha (presidente da Academia Palmense de Letras), Osmar Casa Grande (da Academia Palmense de Letras), o Pastor Claudio, além de centenas de outras pessoas

  Solidariedade Masculina ao Extremo



Eurípedes disse, certa vez, que era melhor estar três vezes em combate com escudo e tudo que parir uma só vez!
    Se a gravidez é felicidade para a mulher, já não se pode dizer a mesma coisa do parto, que é complicado, sobretudo pelas dores que aumentam de intensidade, sendo, em princípio, espaçadas, reduzindo-se pouco a pouco os intervalos quanto mais se aproximam de seu término. Às vezes, para desgraça destas, o parto é acompanhado com eclâmpsia, que se manifestam por perturbações visuais e cerebrais, dores de estômago e, finalmente, tremores nos músculos da face, pálpebras e lábios, etc. Quer dizer, “dar à luz” não é fácil! Não é por acaso que as mães para suas filhas que, quando forem mães, saberão certamente o que é ser MÃE. Mas o meu propósito aqui não é alarmar ninguém sobre a “condenação” da mulher apregoada em Madéias: - Engendrarás na dor, disse Deus à mulher. Nem tão pouco fazer um tratado de medicina.
         Em toda história da humanidade, sempre se pensou acabar ou pelo menos amenizar as dores de parto. E sempre também questionou-se o papel masculino, a participação do homem na geração da prole e a possibilidade de alguma solidariedade masculina para as parturientes.
         Entre os índios, de acordo com o meu amigo Eustáquio Grillo, docente da UnB, na altura em que a índia está de resguardo, o esposo fica de resguardo também, podendo ser até mais radical, ou seja, mais próximo do repouso absoluto. Isto, segundo o ilustre docente, talvez seja conseqüência da crença de que a boa gestação exige, digamos, o continuo fornecimento de matéria-prima! O que, no caso, significa esperma e, por isso, implica manter relações sexuais diárias com a esposa grávida. Não é uma forma de solidariedade masculina?
         Nas aldeias africanas, a gravidez é também um período carregado de tabus e mistérios. A grávida é influente e tem toda solidariedade e carinho, não somente do marido, mas de toda comunidade. Aqui o curandeiro dispõe de um aparato de variadíssimos recursos assistenciais e mágicos para libertá-la de um parto com dor. O engenho dos especialistas da magia parece tão inesgotável e variado que incluem no seu bojo uns tantos milongos para a transferência das dores para o marido.
         A minha irmã Etelvina resolveu a passagem da dor para o marido na hora. Quando estava a ter o nenê, mordeu decididamente o marido... e ficou resolvido. Não foi preciso curandeiro nenhum!
         Ao contrário dos índios, os maridos da sociedade tradicional africana, também por solidariedade, abstêm-se de toda relação sexual desde o começo da gravidez. E quando a esposa está a dar à luz, geralmente de cócoras, o marido deve sair de casa para que não ocorram influências mágicas perigosas. Caso sejam detectadas, devem ser imediatamente contrafeitas pelo curandeiro. Ao contrário do índio, que por solidariedade fica em casa, aquele tem que sair de casa por solidariedade à mulher.
         No Huambo, minha terra, as aldeias são o lugar onde a cultura tradicional está mais arraigada. Quando o parto é difícil ou trata-se de um caso extraordinário, deve intervir imediatamente a parteira tradicional ou os ginecólogos tradicionais. Nestes casos quase sempre se imputa a culpa ao marido. Crê-se que geralmente estes males são ocasionados pela infidelidade masculina.
         A infidelidade paterna é sempre considerada nefasta. Nestes casos, a parteira implora-lhe que se redima obrigando-o, na presença, a dizer todas as amantes que já teve, pelo menos na fase de gestação, para que desta feita se facilite o trabalho de parto e, por força da retratação do seu pai, o bebê nasça bem.
          Um amigo meu esteve também numa situação bem pouco confortável. A mulher estava com dificuldades no parto e a parteira mandou-o chamar para que ele dissesse o nome das suas amantes. Como a lista era enormissíma, uma das suas tias sugeriu que se fosse ao hospital, porque o infeliz nunca mais terminava com os nomes.
         No meu recente romance, lançado em novembro deste ano: “O dia em que um Ngola descobriu Portugal”, tentei exatamente retratar esse episódio com dois personagens principais do meu livro: Nganga Nzumba e Tchilombo:

         “... Algumas mulheres mais próximas da família real acercaram-se uma a uma do leito da rainha Tchilombo, e chorando aos soluços entenderam-lhe as mãos e garatiram-na com voz entrecortada que ela sobreviveria e daria um herdeiro ao rei, embora, também, fosse culpada pela dificuldade do parto por não se ter submetido, a partir do terceiro mês de gestação, a ritos purificatórios perante o adivinho.
    O rei Nganga Nzumba, manteve-se sentado numa cadeira ao lado do leito de sua esposa e, em tom amigo, disse-lhe com meiga censura:
         - Então, minha bem-amada! Tu, que fostes sempre a primeira, cada vez que era ocasião de servires o teu senhor e mestre, pela palavra e pelos actos, por que tardas o nascimento do nosso filho? Queres ser a única a negar-me o que as outras de bom grado e livremente me concederiam? Não entendes que é aí que está o futuro do nosso reino? Sei que queres saber quantas amantes eu já tive ou tenho! É isso? – Indagou Nganga Nzumba.
         Ela, porém, em sua dor silenciosa, lançava a cabeça para trás... Premiu compulsivamente suas mãos contra a barra da cama, enquanto ondas violentas de sangue e espalhavam nos lençóis, e então torceu o seu dolorido corpo, como se estivesse sendo vergastada!

         -Vou dizer-te todas amantes que já tive! –Prometeu Nzumba.


A lista era enorme e o infeliz genitor nunca mais terminava com os nomes de suas amantes... Entretanto, uma ex-escrava, que foi enfermeira de um senhor de engenho, fez o parto.
         O nasciturno de parto normal quase sempre dá sinais de vida com espirros e choros! Não foi o caso do primogênito de Nzumba e Tchilombo que nasceu com sinais de cansaço...  A parteira Nganguela preocupada com o caso pôs uma folha da árvore “Mumwe” sobre o peito da criança e tocou instrumentos de ferro. Com o som destes instrumentos, o bebê assustou-se e começou a chorar... Nzumba e Tchilombo choram juntos de plena felicidade! Doravante... Meu queridinho filho chamar-te-ei de Nzumbi e serás um grande guerreiro! – Vaticinou Nganga Nzumba”.

                   Um caso, porém, que pode ser considerado como exemplo extremo de solidariedade masculina. É um episódio inédito que se passou no interior do Brasil.
         Na casa de uma família cabocla, havia três compartimentos: dois quartos, intermediados por uma sala.  Uma parturiente estava num quarto a ter o bebê. Um dos pulsos tinha amarrado um cordel, o qual, subindo e passado por sobre os caibros, ia ter no quarto vizinho. Aí descia e tinha a outra ponta amarrada... adivinhem? ... Lá mesmo, nos penduricalhos do marido. Conforme doía, a mulher puxava espasmodicamente o cordel e assim o marido sofria junto. Nos dois lados era um berreiro dos diabos.
         Haverá melhor exemplo de solidariedade masculina?

Oxalá que a moda não pegue em Angola, senão estamos todos fritos...


  

domingo, 28 de novembro de 2010

LITERATURA Relato da escravidão em romance

05:07
Um romance histórico que mistura ficção e realidade, assim define o autor do livro O Dia que um Ngola Descobriu Portugal, o professor João Rodrigues Portelinha da Silva. O livro tem como tema central o relato da escravidão em Angola e no Brasil, sendo a personagem central a formosa e lendária rainha Njinga Mbandi e o Nganga Nzumba (Zumbi dos Palmares), que, na ficção, são mãe e filho, mas que na realidade, embora não sejam, viveram na mesma época e têm a mesma origem. Herança cultural No livro, o autor comenta que tentou ilustrar a relação forte existente entre os povos angolanos e brasileiros. “Angola é a mãe preta que amamentou culturalmente o Brasil e o colocou ao colo através das mucamas”, diz o escritor. Portelinha revela que a obra é fruto de um projeto que o acompanhava desde a juventude. “Sonhava em ter um navio e nele colocar todas as pessoas provenientes de países que foram colonizados por Portugal. Levaria-os até Portugal e lá diria que essas pessoas teriam descoberto Portugal.” Ele conta que desde o começo da obra teve ambição de reproduzir com realismo o que foi o comércio de escravos da maneira mais verídica e completa, buscando evitar banalidades. A obra, segundo ele, é feita de observação puramente naturalista, com uma ampla parte psicológica das ações, bem como sentimentos dos personagens que retratou. O lançamento do livro O Dia que um Ngola Descobriu Portugal ocorreu na última segunda-feira, no Anfiteatro do Campus da Universidade Federal do Tocantins (UFT), em Palmas. Segundo Portelinha, o livro também foi lançado no início deste mês, no Clube Naval e das Nações, em Brasília, com a presença do corpo diplomático creditado no Brasil. Escritor Formado em Direito pela Universidade Antônio Agostinho Neto em Angola (primeira turma formada pós-independência) e em Ciências Políticas pelo Instituto Wilhelm Pieck - Berlim, João Rodrigues Portelinha da Silva possui mestrado em Filosofia do Direito pela Academia de Ciências Sociais, Sofia - Bulgária. Doutorado em Sociologia do Estado e Sociedade pela UnB - Universidade Nacional de Brasília. Entre outros vários títulos que acumula, ele teve uma experiência expressiva na África. Foi chefe do ATM do Governo Provincial do Huambo, diretor Jurídico do Comissariado Provincial do Huambo, docente da Escola Nac. do Partido, chefe de Cátedra de Ciências Sociais da Pré-Academia Militar do Huambo. É presidente da Associação dos Naturais e Amigos da África em Palmas, Brasil. É membro da Associação dos Naturais e Amigos de Angola no Brasil e presidente da Academia Palmense de Letras. Além disso, tem vários livros e ensaios publicados de Literatura, Direito, Ciência Política, História e Sociologia Jurídica. Tem atuado, também, como analista político em programas na TV e jornais locais e nacionais.


Fonte: Jornal do Tocantins

Autor: Redação

 Relato da escravidão em romance de João Portelinha

05:07
Um romance histórico que mistura ficção e realidade, assim define o autor do livro O Dia que um Ngola Descobriu Portugal, o professor João Rodrigues Portelinha da Silva. O livro tem como tema central o relato da escravidão em Angola e no Brasil, sendo a personagem central a formosa e lendária rainha Njinga Mbandi e o Nganga Nzumba (Zumbi dos Palmares), que, na ficção, são mãe e filho, mas que na realidade, embora não sejam, viveram na mesma época e têm a mesma origem. Herança cultural No livro, o autor comenta que tentou ilustrar a relação forte existente entre os povos angolanos e brasileiros. “Angola é a mãe preta que amamentou culturalmente o Brasil e o colocou ao colo através das mucamas”, diz o escritor. Portelinha revela que a obra é fruto de um projeto que o acompanhava desde a juventude. “Sonhava em ter um navio e nele colocar todas as pessoas provenientes de países que foram colonizados por Portugal. Levaria-os até Portugal e lá diria que essas pessoas teriam descoberto Portugal.” Ele conta que desde o começo da obra teve ambição de reproduzir com realismo o que foi o comércio de escravos da maneira mais verídica e completa, buscando evitar banalidades. A obra, segundo ele, é feita de observação puramente naturalista, com uma ampla parte psicológica das ações, bem como sentimentos dos personagens que retratou. O lançamento do livro O Dia que um Ngola Descobriu Portugal ocorreu na última segunda-feira, no Anfiteatro do Campus da Universidade Federal do Tocantins (UFT), em Palmas. Segundo Portelinha, o livro também foi lançado no início deste mês, no Clube Naval e das Nações, em Brasília, com a presença do corpo diplomático creditado no Brasil. Escritor Formado em Direito pela Universidade Antônio Agostinho Neto em Angola (primeira turma formada pós-independência) e em Ciências Políticas pelo Instituto Wilhelm Pieck - Berlim, João Rodrigues Portelinha da Silva possui mestrado em Filosofia do Direito pela Academia de Ciências Sociais, Sofia - Bulgária. Doutorado em Sociologia do Estado e Sociedade pela UnB - Universidade Nacional de Brasília. Entre outros vários títulos que acumula, ele teve uma experiência expressiva na África. Foi chefe do ATM do Governo Provincial do Huambo, diretor Jurídico do Comissariado Provincial do Huambo, docente da Escola Nac. do Partido, chefe de Cátedra de Ciências Sociais da Pré-Academia Militar do Huambo. É presidente da Associação dos Naturais e Amigos da África em Palmas, Brasil. É membro da Associação dos Naturais e Amigos de Angola no Brasil e presidente da Academia Palmense de Letras. Além disso, tem vários livros e ensaios publicados de Literatura, Direito, Ciência Política, História e Sociologia Jurídica. Tem atuado, também, como analista político em programas na TV e jornais locais e nacionais.


Fonte: Jornal do Tocantins

Autor: Redação